É tempo de mudanças
Priscila acorda cansada, sem ânimo, sem disposição. Pensa no dia que tem pela frente e se sente desmotivada. Não que sua vida seja ruim, muito pelo contrário. Tem um casamento estável, filhos já crescidos e um emprego gratificante. No entanto, Priscila sente que falta algo em sua vida. Todos os dias são iguais, não há mais novidades, surpresas, imprevistos.
Letícia se sente infeliz. Não gosta de seu emprego, está passando por uma fase ruim com seu namorado e seu humor está cada vez pior. Sente-se desmotivada e se levantar toda manhã se tornou um fardo. Está perdida e não sabe o que fazer.
Todos nós, jovens ou maduros, passamos por algumas fases em nossa vida em que necessitamos de uma mudança. Quando tudo está muito previsível e tedioso, é sinal de que precisamos mudar. Quando não estamos mais satisfeitos ou nos sentimos infelizes, é hora de mudar. Não precisa ser necessariamente uma grande mudança, mas variar alguns aspectos de nossa rotina pode ser muito benéfico para a nossa saúde física e mental.
Mudanças exigem coragem
Mudar nunca é fácil. Há pessoas que preferem continuar na mesmice, na dor para não ter que enfrentar os riscos que uma mudança causaria.
Marcos detesta seu emprego, porém recebe um bom salário e tem estabilidade. Pedir demissão e procurar outro trabalho é um risco muito alto que ele não gostaria de correr.
Marta se sente infeliz no casamento, mas a opção de ficar sozinha a assusta e ela teme um futuro sem ninguém.
Sim, mudanças não são fáceis. Exigem coragem, disposição. No entanto, quando não estamos felizes, que outra opção temos? Podemos mudar e dar tudo errado? É claro que sim, mas apenas continuaremos infelizes como já estávamos. No entanto, pode dar tudo certo e ganhamos uma vida nova, mais prazerosa, mais gratificante. E quando pensamos que a vida é curta, o que realmente temos a perder?
O cuidado com mudanças radicais
Uma mudança não precisa ser radical. Mudanças pequenas também fazem a diferença.
O importante é avaliar os prós e os contras. Uma pessoa como Marta que se sentiria muito mais infeliz sozinha do que com um marido deve pensar duas vezes antes de se separar. Porém, a separação não é única mudança possível. Uma conversa aberta com o companheiro, uma avaliação sincera do que está errado naquela relação ou até mesmo uma terapia de casais pode ajudar na reconciliação e trazer menos sofrimento a ambos.
Às vezes, pequenas mudanças já são suficientes para melhor a vida da pessoa. Às vezes, no entanto, é preciso pensar grande e correr o risco. Às vezes é preciso demolir uma casa totalmente para construir um lindo prédio de três dormitórios.
E como saber se jogamos tudo para o alto e embarcamos em uma mudança realmente significativa ou se apenas mudamos pequenas atitudes ou ações? Vai depender do quanto estamos infelizes com nossa vida e o quanto ficaríamos infelizes com a mudança. É preciso bom senso e sinceridade quando analisamos nosso bem estar.
Será que realmente queremos mudar?
Há outra questão muito importante. O quanto as redes sociais influenciam nosso modo de ver a própria vida?
Facebook e Instagram são a terra das pessoas felizes. Todos vivem maravilhosamente bem. Todos escancaram seu amor, seu sucesso, sua família perfeita. Quantas vezes não olhamos para a vida do outro e achamos que é infinitamente melhor do que a nossa? O quintal do vizinho é sempre mais verde. Mas será que é mesmo?
Assim, cabe a cada um olhar para dentro de si mesmo e questionar. Não há vida perfeita. Todos têm problemas, todos têm altos e baixos, mesmo que nas redes sociais só se enfatize os bons momentos. Precisamos olhar para a nossa vida com uma lente imparcial. Será que precisamos mesmo nos mudarmos para Portugal? Virou moda ir morar em Portugal. Só se falava nisso nas redes sociais. País maravilhoso que acolhe bem os brasileiros aposentados. No entanto, nem todos se deram bem com essa experiência. Venderam ou alugaram suas casas no Brasil, não se adaptaram, querem voltar e não sabem como. Quem disse que a experiência do outro vale para todo mundo?
Antes de qualquer mudança, precisamos ser muito sinceros conosco. Olhar fundo para o nosso Ego, para o nosso Eu verdadeiro e ter certeza de que não estamos simplesmente seguindo a moda, irresponsavelmente.
Chega de desculpas
Uma vez, no entanto, que realmente achamos que devemos mudar, precisamos tomar cuidado com as desculpas para não agir imediatamente. Nosso instinto de preservação não quer sofrimentos, não quer apanhar da vida, por isso, muitas vezes continuamos na mesmice para não corrermos o risco de sofrer.
Assim, inventamos desculpas para não mudar.
Aparece uma oportunidade incrível para Ricardo, de trabalhar na Alemanha. Ele fica empolgado, mas imediatamente o medo e a insegurança tomam conta dele. Será que ele deve realmente mudar toda a sua vida? Será que sua namorada irá concordar com isso? Será que ele vai conseguir aprender alemão? O medo o impede de tomar qualquer decisão e Ricardo inventa desculpas para não se comprometer e correr o risco de sofrer. A oportunidade desaparece e o rapaz continua onde estava sem nunca saber o que poderia acontecer em seu futuro.
Dizem que nunca nos arrependemos do que fizemos e sim do que deixamos de fazer. Talvez isso se deva ao fato de que quando não fazemos ficamos sempre na dúvida. Nossa vida poderia estar pior, mas poderia, também, estar muito melhor. Não saber acarreta o sofrimento do arrependimento e quanto mais infelizes nos sentimos, mais acharemos que a mudança teria sido melhor.
Isso implica em jogar tudo para o alto e fazer o que nos der na telha? Não. Mudanças exigem coragem, mas também responsabilidade e coerência.
Como saber, então se está na hora de mudar e, caso positivo, como mudar?
Quando estamos infelizes, alguma coisa está errada. A infelicidade sempre indica que precisamos mudar alguma coisa. Pode ser alguma coisa pequena, ou talvez a mudança tenha que ser mais radical.
Quem pode nos dizer a hora de mudar e como mudar? Somente nós mesmos. Ninguém mudará nossa vida por nós.
Você pode preferir não correr riscos. Você pode preferir não mudar nunca. Mas a infelicidade tem seu preço e as oportunidades passam.
O importante é que, depois da mudança, o indivíduo não caia na tentação do arrependimento. Arrepender-se é inútil. A mudança já se concretizou. Se deu certo, ótimo. Se não deu, procure mudar novamente. O mundo vive em mudanças. Por que não o homem?
Para aquele que está em sofrimento, mas não consegue mudar de forma alguma, um aconselhamento psicológico ou uma terapia podem ser de grande valia. Não é preciso sofrer sozinho.
O único sucesso que podemos ter na vida é a nossa felicidade. Vale a pena lutar por ela. Se isso exige mudanças, vamos à luta. Mude grande, mude pequeno, mas mude.